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Energia ainda mais cara: governo Dilma poderá fazer reajuste adicional de 33%

Com o ajuste fiscal em curso pelo governo, a tendência é que os consumidores arquem com a maior parte dessa fatura.

Polêmica: Medida Provisória 579/2012, da renovação das concessões provocou prejuízos bilionários ao setor elétrico

Fonte: Valor Econômico

Energia terá aumento de 33%: governo Dilma perdeu a mão no setor elétrico

Contas de luz poderão ter reajuste adicional de 33%

O susto do aumento de 40%, em média, das tarifas de energia no primeiro trimestre mal passou e o consumidor poderá enfrentar um novo “tarifaço” pela frente. Segundo levantamento feito pela consultoria PSR, há um passivo existente no setor elétrico de cerca de R$ 64 bilhões, fruto principalmente da crise de energia, ainda a ser pago.

De acordo com relatório da consultoria distribuído ontem a clientes, esse custo adicional é relativo a eventos do setor cujo impacto ainda não foi reconhecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além disso, a maior parte desse montante ainda não teve a sua alocação definida, ou seja, se será pago pelo  Tesouro ou diretamente nas contas de luz, via repasse tarifário.

Com o ajuste fiscal em curso pelo governo, a tendência é que os consumidores arquem com a maior parte dessa fatura. Tudo indica, porém, que o repasse será parcelado em vários anos.

Se todos esses custos fossem incorporados de uma só vez à tarifa de energia em 2015, já considerando a bomba tarifária de 40% nos primeiros três meses do ano, haveria um reajuste adicional de 33% na conta de luz dos brasileiros.

A maior parte dos custos extras analisados pela PSR ainda é relacionada à polêmica Medida Provisória 579/2012,da renovação das concessões. Dos R$ 63,8 bilhões calculados pela consultoria, R$ 27,6 bilhões são referentes a indenizações de ativos de transmissão e geração.

Sobre os ativos de transmissão anteriores a 2000, e cuja concessão foi renovada no âmbito da MP 579/2012, o total de indenização ainda a ser paga soma R$ 17,9 bilhões, de acordo com laudos contratados pelas transmissoras.

No caso da geração, há concessões de Cesp, Cemig e Copel que vencem em julho deste ano. Além disso, há um pleito de indenização extra feito pelas subsidiárias da Eletrobras. Considerando os laudos já apresentados por Cesp, Cemig e Chesf, o valor é de R$ 9,7 bilhões. Ainda não foram apresentados os pedidos de indenização de Furnas, Eletronorte eCopel.

Mesmo que a Aneel reconheça um valor diferente daquele pleiteado pelas geradoras e transmissoras, possivelmente uma cifra menor, o montante terá que ser bancado pelo governo ou diretamente pelo consumidor.

Setor elétrico: crise já é evidente

Presidente Dilma parece relutante em descer do palanque. O termo “crise energética” foi esconjurado durante a campanha eleitoral, por óbvio. Mas agora trata-se de governar.

Brasil sem Rumo

Brasil já vive grave crise energética

Fonte: O Globo

É inútil tentar esconder a crise energética

A presidente parece relutante em descer do palanque. Os problemas no fornecimento de energia foram esconjurados em 2014, por óbvio. Mas agora trata-se de governar

Depois do apagão de segunda-feira, quando 11 estados e o Distrito Federal ficaram às escuras, a tentativa do governo Dilma Rousseff de negar a crise no setor elétrico, se já era risível, ficou patética. Agora, cabe ao senador da vez no Ministério das Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM) — derrotado nas eleições estaduais, substituto de outro senador na Pasta, Edison Lobão (PMDB-MA) — dar explicações inverossímeis para a queda no fornecimento de energia.

Como sempre, foi seguido o script da “falha técnica” em alguma linha de transmissão, para se contrapor à ideia de que a geração de energia não consegue suprir a demanda em momentos de pico do consumo, num verão particularmente quente e seco, em que uma estiagem anormal afeta hidrelétricas e obriga usinas térmicas a operar de maneira contínua, fora das condições para as quais foram projetadas. A margem de risco de cortes no fornecimento aumentou bastante, como nessa segunda-feira particularmente quente, em especial na cidade de São Paulo, importante centro consumidor.

A explicação do ministro não resistiu à nota do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), divulgada logo depois do apagão, segundo a qual houve as sempre alegadas falhas na transmissão, porém “aliadas à elevação de demanda na hora de pico”. Por suposto, há apagões quando ocorrem falhas de transmissão. O crucial é saber o porquê das falhas.

Para desmentir de vez a versão oficial, informou-se que, no dia seguinte ao do apagão, o Brasil importou energia da Argentina e usou uma parcela maior da geração de Itaipu. Com isso, adicionou-se à carga colocada à disposição do Sudeste o equivalente ao consumo mensal de Curitiba, cidade de 1,8 milhão de habitantes.

A presidente Dilma parece relutante em descer do palanque. O termo “crise energética” foi esconjurado durante a campanha eleitoral, por óbvio. Mas agora trata-se de governar. E, no caso, a alternativa indicada é reconhecer a existência de uma crise e mobilizar a população para moderar o consumo. O fim da equivocada política de tarifa subsidiada deve conter desperdícios. Mas é pouco. O cenário está complicado: das 18 principais hidrelétricas do país, 17 estão com os reservatórios em situação pior do que em 2001, ano do racionamento de energia no segundo governo FH. Há um exemplo eloquente: o reservatório das usinas Ilha Solteira e Três Irmãos, em São Paulo, secou, enquanto, no verão de 2001, tinha água em 31,2% de sua capacidade.

O temor da falta de energia ajuda, ainda, a adiar investimentos, de que o país é carente. Tudo compele o governo a ter um programa consequente, com metas de curto, médios e longo prazos, para combater a crise. Um ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Alves, lembra que o governo FH rejeitou racionar em 2000. No ano a seguinte, foi obrigado a fazer um corte de 20% no fornecimento.